segunda-feira, 30 de maio de 2011

PS, PSD e CDS querem afundar o país na "economia mais cruel”

Francisco Louçã defendeu que, no novo cenário pós-eleições, qualquer um dos três partidos - PS, PSD e CDS, “esteja no governo ou na oposição, estará na troika”, “estará comprometido a defender o desemprego”, “a assegurar que a economia prossegue para um caminho de austeridade”, sendo que “a austeridade provoca a recessão, a recessão provoca precariedade e a precariedade provoca desemprego”. “PS, PSD e CDS pretendem que a solução para o país seja sempre o afundamento na economia mais cruel”, adiantou.

Durante o comício realizado em Santarém, que também contou com a presença do mandatário distrital, Aurélio Lopes, do cabeça de lista pelo distrito, José Gusmão, da número dois da lista, Sara Cura, e do líder parlamentar do Bloco de Esquerda, José Manuel Pureza, o coordenador da Comissão Política do Bloco de Esquerda sublinhou que a campanha se tem transformado, muitas vezes, num “vazio” e que as eleições são vistas como um jogo onde só existe uma regra: “Quem parte e reparte e não fica com a melhor parte ou é tolo ou não tem arte”.




As verdadeiras questões, como o “debate entre recessão e recuperação, entre o emprego e o desemprego, entre a precariedade e o respeito”, e sobre “como se governa”, não interessam ao PS, PSD e CDS, partidos que partilham o mesmo programa – o programa da troika.

O Bloco “concentra-se no que está a ser ignorado na campanha”, adiantou Louçã. “Estamos a puxar por resultados, por respostas, por dificuldades, e é assim que temos que fazer”, avançou.

O dirigente do Bloco sublinhou duas das temáticas que têm sido negligenciadas na campanha: educação e emprego. No que respeita à educação, Louçã referiu-se a dois exemplos que não têm merecido qualquer reacção por parte do PS, PSD e CDS: o novo modelo de gestão das escolas por parte de uma empresa criada para o efeito pelo Ministério da Educação e o modelo de avaliação de docentes, “um labirinto do qual não se sabe onde começa, para que serve, se avalia”. O dirigente do Bloco lembrou ainda as medidas contidas nos memorandos da troika, que prevêem cortes dramáticos no ensino.

Na área do emprego, “o programa que o PS quer cumprir com a direita”, já vai “mais longe do que alguma vez se imaginou”, prevendo, entre outros, facilitar os despedimentos e pôr os trabalhadores a pagar o seu próprio despedimento.

Bloco representa “a massa crítica de que precisamos desesperadamente”

O mandatário da candidatura pelo distrito de Santarém, Aurélio Lopes, defendeu que num país onde “pensar pela nossa cabeça é cada vez mais uma actividade de risco”, o Bloco representa “a massa crítica de que precisamos desesperadamente”.

Sara Cura, segunda candidata por Santarém, criticou “o discurso da ilusão, da hipocrisia e da mentira” dos líderes do PS, PSD e CDS. A catadupa de inaugurações levadas a cabo pelos ministros do PS, muitas vezes no distrito onde se candidatam, mereceu uma nota desta candidata. “Se se reunissem todas as pedras destas inaugurações, talvez pudéssemos construir algo útil para as pessoas”, avançou Sara Cura. O CDS, continuou a candidata do Bloco, esquece-se, por sua vez, “do que fez quando esteve no governo”.

As problemáticas da precariedade, do desemprego, dos bolseiros ao serviço do Estado, também mereceram a sua atenção.

O líder do grupo parlamentar do Bloco de Esquerda, José Manuel Pureza, também marcou presença neste comício. O dirigente do Bloco afirmou que esta campanha é sobre o verdadeiro calote, que é o calote do BPN, da banca que paga menos de metade do imposto cobrado a uma mercearia, da fuga aos impostos no offshore da Madeira, e dos verdadeiros credores, que são aqueles que descontaram toda a sua vida para terem uma reforma decente, assim como os jovens que se formaram e agora são condenados a trabalhos precários ou ao desemprego.

José Gusmão, cabeça de lista por Santarém, lembrou que a política do FMI “não é um salto no escuro”. “Sabemos que a política do FMI não é, certamente, a resposta de que o país necessita”, adiantou.

O deputado do Bloco defendeu também que “PS, PSD e CDS sabem que a renegociação da dívida é necessária, no entanto, querem concretizá-la apenas depois da aplicação das medidas contidas no plano de austeridade”. Estes partidos “sacrificam o país e os portugueses” de forma a beneficiar a banca portuguesa, francesa e alemã, acrescentou José Gusmão.

Queremos “honrar os nossos compromissos, mas com os frutos de uma política de crescimento económico”, rematou.

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